sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Prefácio


Tornamo-nos amigos durante a sua residência no Hospital das Clínicas de S.Paulo, no Departamento de Neuropsiquiatria, em 1971, quando eu havia recém empossado como assistente daquele departamento.

Sua fala com típico sotaque gaúcho, porém rápida e entusiasmada no que fazia chamou-me a atenção. Recém chegado de Pelotas, Dr. Albino era um jovem muito interessado em aprender, e principalmente
em trabalhar. Onde havia pessoas, lá estava ele, conversando, agitando, se virando em múltiplas funções.

O interesse pelo trânsito foi outra característica dele, que logo conquistou a minha simpatia. Nenhum dos meus colegas de turma, nem meus dos meus contemporâneos havia se interessado por esta área. Eu achava exótica a sua escolha.

Mas o seu gosto, talento, esforço e empenho fizeram-no vencedor na Medicina do Trânsito. Para começar, Dr. Albino foi o fundador e presidente nas três primeiras gestões da Associação Brasileira de Medicina de Trânsito. Isso há 30 anos atrás. Conhecedor que eu era destas suas características empreendedoras, sabia que ele deveria estar envolvido em algum outro projeto relacionado ao trânsito. Foi quando o encontrei em 2007 em Passo Fundo, onde eu estivera para proferir uma palestra na Faculdade ... (favor completar o nome da faculdade, a data, o título da palestra, o nome e cargo da sua mulher). Ainda, o Dr. Albino lembrou-se que nos encontramos há alguns anos atrás no aeroporto de Congonhas e que ele tomou a iniciativa de me perguntar se eu me lembrava dele. Não só confirmei que sim mas também lhe disse em alto em bom tom: “Você não mudou nada, Albino!” Como poderia eu esquecer-me dele? Como esses  encontros de aeroporto, um chegando, outro partindo, o nosso foi também muito rápido e prometemo-nos entrar em contato.

Em Passo Fundo comprometi-me a escrever o prefácio do seu livro que ora apresento a você.

Você que pegou neste livro, que leu, ou que recebeu uma recomendação de lê-lo, já deve ter percebido da sua importância.

Aponte-me alguma pessoa física, social e mentalmente saudável que esteja totalmente livre do trânsito. Acredito que não exista.

Pergunte a qualquer pessoa se já sofreu ou causou algum acidente de trânsito. Poucos confessam mas a maioria vai logo justificando que a culpa é do outro, que ele fez o melhor possível, mas não teve jeito
de escapar etc.

Dificilmente você vai encontrar também alguém que não tenha escapado por pouco de ser atropelado, atingido, de um acidente que aconteceu em sua frente, que poderia ter sido ele a vítima. 

Uma das características dos acidentes de trânsito é o responsável sentir-se vítima de outros motoristas. De vilão do trânsito passa a se justificar como vítima, para eximir-se da culpa. Nem um bêbado admite
estar embriagado num volante.

Este livro Ser humano: o desafio nos elucida e nos ajuda a ter novos procedimentos para que não sejamos de fato vítimas e muito menos algozes do trânsito.

Depois de ler este livro, você vai concluir que é um milagre você estar vivo no trânsito. Quem tem consciência deste perigo, o de arriscar-se a qualquer momento de morrer ou de matar alguém, será, com
certeza, um bom sobrevivente.

Ninguém pode garantir que aquele que lhe fechou a frente, fez uma ultrapassagem irregular, não usa o cinto de segurança e abusou da potência e velocidade do carro está com saúde psíquica suficientemente conservada para dirigir defensivamente.

São tantas as patologias que comprometem as pessoas que lhes tiram a faculdade de dirigir que nos obriga a ficar ainda mais atentos do que já somos.

Para enumerar alguns motoristas que nos cercam, seja de ônibus, caminhões, carros, motos, bicicletas, carroças, e para enumerar os pedestres que andam soltos pelas ruas, avenidas e estradas, cito algumas
situações de risco das quais o Dr. Albino trabalha neste livro: Desatentos, hiperativos, suicidas, prepotentes, onipotentes, envelhecidos, epiléticos, depressivos, esquizofrênicos, fóbicos, compulsivos, alcoólatras, drogados, ousados, fugitivos, apressados, criminosos, intolerantes, criminosos, violentos, paranoicos  abusados, bipolares, maníacos, panicosos, infartantes, desmaiantes, possuídos pelo ciúmes, cegos de
ódio etc.

Dr. Albino nos explica o problema, nos orienta para procedimentos adequados e lança uma luz no seu poema final:

O que está feito, está feito.

Mas tudo pode começar de novo.
Pois tu podes com o último alento.

Recomendo-lhe a leitura deste livro, não só a você, que já se cuida, mas também aos seus amigos, parentes e filhos. Se todos se cuidarem, teremos vida mais saudável, menos acidentes de trânsito e melhor qualidade de vida.

Içami Tiba
(Psiquiatra e escritor)

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