Exemplo de caso:Lúcia era uma jovem, alegre e simpática. Era daquelas pessoas que tomava conta da festa, vestia-se bem, estudava, trabalhava. Aos poucos, começamos a perceber uma irritação momentânea por motivos torpes.“ — Você está estressada? Quem sabe é hora de rever sua vida, suas atividades?” Perguntavam os amigos.Lúcia queixava-se constantemente do mundo e de todos. Parecia que o mundo, bem como todos, estavam totalmente errados.“ — Não gosto do Fulano porque...” Dizia ela.Ou:“ — Viu só o jeito do Siclano?”Ainda:“ — Se ele não chegar até as 7h como combinado...”Exigências à parte, aquela moça alegre e simpática foi dando lugar a uma jovem irritante e irritada, que todos evitavam.Isto quando, não achava-se a toda poderosa, tomando conta das conversas, contando grandezas, mentindo acreditando ser verdade, dentre outros sintomas.Contrariá-la? Nem pensar! Era guerra na certa!Lúcia não tinha escuta. Pior, não ouvia a si mesma. Sofria, mas não admitia, não procurava ajuda. Estava indo para o fundo do poço!!São vários os transtornos do humor e do afeto. Ou melhor, são vários os sintomas e suas classificações, mas todos eles são de um grande sofrimento tanto para a pessoa doente quanto para os que estão ao seu redor. Vejamos como podem se classificar e ser tratados.
O transtorno do humor e do afeto é a doença de maior enfoque no momento; é a afecção que mais cresce no mundo desenvolvido; é a terceira doença mundial. Dados apresentados em estudos e colhidos de nossa própria experiência apontam para esta realidade social. Economicamente, o transtorno do humor e do afeto, tanto para o indivíduo, quanto para os pais, causam profundos danos.
Hipomania: O transtorno do humor pode iniciar com leves distúrbios, sintomas mais leves, com os quais as pessoas conseguem viver socialmente. São características dos hipomaníacos (menos que maníacos) falar demais, comportando-se sempre com jovialidade e jocosidade, às vezes impulsivo, com pouco sono, auto confiança exagerada, assim como otimismo, gastos exagerados, com comportamento e manifestações sexuais desinibidos.
Ciclotimia: Pessoas com essa doença, são portadoras de distorções ora depressivas, ora hipomaníacas; são instáveis emocionalmente, jovens que se apresentam com rupturas sociais, tais como fracassos na linha de trabalho, extravagâncias financeiras, mudanças em cursos universitários, mudanças de moradia. Têm uma vida com muitos altos e baixos. Sua autoconfiança se apresenta boa ou ruim, está na tristeza ou na alegria, fala pouco ou demais chora ou ri sem explicação; têm pensamento lento ou rápido ou repetitivo. Isso caracteriza a ciclotimia, instabilidade emocional que pode comprometer no trabalho, na escola, com amigos e com a família. Na adolescência, é mais freqüente, podendo ser diagnosticada quando o comportamento ciclotímico é exacerbado.
Hipermaníaco: Mais para cima, difícil de ver os limites entre temperamento, comportamento hipermaníaco e normalidade. Por quê? O hipermaníaco para cima, é exuberante, jovial, jocoso, otimista, exagerado, inquieto, falando muito sempre com auto confiança “eu sou isso, sou aquilo, eu fiz isso, fiz aquilo”; têm muita disposição e muita energia, em muitos projetos e planos, muito versátil, envolvido e intrometido, desinibido e sem medo de riscos, vivem bem profissionalmente e socialmente, mas, muitas vezes, têm que buscar alguém para melhorar sua qualidade de vida, administrando melhor seus conflitos, de comportamento social e sexual desinibido.
Mania: A fase maníaca faz parte do transtorno afetivo bipolar, que aparece do mesmo modo como o episódio depressivo, que pode desenvolver a depressão espontaneamente ou até desencadeado após o referido episódio depressivo pelo uso de antidepressivos no tratamento efetivado para depressão, por isso o acompanhamento psiquiátrico-psicológico é importante para esse controle. A mania começa com insônia, ansiedade, fala exagerada, ri sem motivo e exageradamente; quando o quadro se altera mais, vêm os delírios de grandeza, desconfiança, por vezes mania de perseguição, que falam mal dele. Pessoas com esse distúrbio chegam a gastar mais do que podem e pagam com cheques sem fundos, sem controle e sem muita crítica.
Quadros depressivos: A depressão, em diferentes graus, afeta corpo e mente. O portador de depressão leve poderá apresentar sintomas emocionais e físicos associados ou independentes, tais como: agressividade, distúrbio do apetite, impulsão, compulsão, tristeza, ideação suicida, dores, tonturas, baixa energia, alteração do sono. Os sintomas iniciam com nervosismo, tristeza, desânimo, vontade de chorar, baixa energia e uma pequena alteração do sono.
Quando a depressão já está na fase moderada, as queixas são maiores, pois mais intensos são os sintomas.
Na fase avançada, depressão é grave porque os sintomas aumentam mais ainda, ansiedade, tristeza, desânimo, choro, medos inexplicáveis, sensação de que algo ruim vai acontecer logo. A pessoa depressiva tende a ficar só, no escuro; evita encontros, festas, passeios, enfim, evolui a sensação que ninguém lhe gosta, acompanhada de pessimismo, ideias negativas, tentativas de suicídio. Às vezes, o depressivo começa a usar álcool e drogas que, no início ajudam a combater os sintomas, mas que depois aumentam os sintomas e levam ao vício, aí instalam- se duas doenças. Por vezes, a pessoa tem crises de pânico, associadas à depressão.
Há também a depressão pós-parto que é perigosa, sendo mais frequente em quem já teve crise depressiva, mas pode aparecer pela primeira vez após o parto e deve ser tratada imediatamente.
Depressão reativa: Quando se perde um ente querido por morte, ou perde-se dinheiro ou emprego, todas essas dificuldades tendem a adoecer a pessoa. Aqueles que têm a personalidade característica, têm crises mais fáceis, tanto depressivas como maníacas, o que exige que o tratamento seja feito com muito cuidado, sejam administradas doses certas, remédios bons e no tempo certo até curar o paciente.
Se a pessoa não tem características genéticas e de personalidade para o mesmo caso, o tratamento pode ser realizado com mais tempo, o que, geralmente, garante uma resposta rápida e melhor.
É preciso lembrar que as recaídas podem ocorrer. Isso é normal, porém são mais freqüentes, quando o tratamento não é bem feito. E para evitar isso, a dosagem deve ser administrada corretamente, como o remédio indicado e no tempo certo e evitar a cronicidade da doença.
Atualmente, a medicina preventiva vem evoluindo fortemente, fazendo com que o nível de vida melhore e a idade média aumente. Ninguém quer ficar doente, mas as doenças vêm sem que desejemos, pois algumas têm caracteres genéticos hereditários, como o diabetes, a pressão alta e outras.
A depressão também pode ser vista assim: 80% da doença é de caráter hereditário e 20% é reativa. Por isso, temos que nos educar para enfrentar a doença. Em primeiro lugar, o paciente tem que aceitar e realizar o tratamento efetivamente; conhecer a história de sua doença; buscar o terapeuta; usar a medicação indicada, na dosagem e no tempo necessário. A contribuição da família, dos amigos, dos colegas de trabalho, da sociedade é importante. A boa relação com o terapeuta, médico-psiquiatra-psicológico, é importantíssima para uma psicoterapia comportamental-cognitiva, o que certamente ajudará no resultado mais efetivo dos psicofármacos (remédios), e isso faz com que se entenda mais a doença, realizando adequadamente o tratamento, obtendo ótimo resultado, melhorando a vida com a família, com os amigos, com os colegas de trabalho e com a sociedade.
Albino Julio Sciesleski
Marisa Potiens Zilio
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