Já reparou que
muitas vezes vale mais a pena ir em bicicleta ou mesmo caminhando ao seu
destino? Pois é, as cidades estão cada vez mais cheias de carros e isso as
torna mais lentas, quentes e irritantes. Usar racionalmente os veículos de
transporte vem a ser, então, o cerne da questão em torno das discussões sobre
mobilidade urbana. Houve um tempo, quando não havia tantos automóveis, em que
era comum ver ruas inteiras ocupadas por automóveis com apenas uma pessoa
dentro. Hoje ainda acontece muito disso, porém tal fato já está sendo visto com
uma falta de bom senso, pois onde poderiam locomover-se cinco pessoas há apenas
uma, ocupando o espaço urbano. Essa forma de locomover-se é irracional para os
dias em que estamos vivendo.
Exemplos
de bicicletários em Paris, de corredores de ônibus em Curitiba e Bogotá (COL),
de rodízios em São Paulo são estratégias inteligentes que tem dado resultados
positivos ao fluxo de trânsito, mas ainda não são suficientes em muitos lugares
onde o crescimento populacional é incompatível com a área urbana e a ocupação
veicular é maior do que o limite das vias permite, causando lentidões, muitas
vezes seguidas de engarrafamentos quilométricos.
Porque
não usamos bicicletas? Algumas respostas a esta pergunta apareceram numa
pesquisa publicada na Zero Hora de 4 de agosto de 2012, onde 781 estudantes da UFRGS
apresentaram motivos como insegurança no trânsito, falta de ciclovias, de
bicicletários, riscos de assaltos, distâncias muito longas etc. Já os outros
355 entrevistados, que responderam usar bicicleta, justificam o ato como
saudável, menos poluente, econômico, alternativo e ágil e por notarem o
transporte público insatisfatório.
Por
mais que o Plano Diretor da capital gaúcha tenha como meta 495 km de ciclovias,
há 40,5 km de expansão projetada, mas ainda não iniciados. Isso revela uma questão
de mentalidade entre usuários e poder público, que se reflete na maioria das
grandes cidades brasileiras. Ademais, muitos valores culturais ao avesso
cultivam a ideia de status associada ao
carro em detrimento da bicicleta, levando pessoas a privilegiarem um veículo
sob quatro rodas em vez de garantir um teto para suas famílias, por exemplo. Logo,
tem-se aí um desafio educacional.
Todavia,
a bicicleta está galgando espaço na preferência dos mais conscientes. Também vale
citar um exemplo, derivado de outras cidades, que está em funcionamento em
Porto Alegre, o projeto Bici Anjo, que constitui-se de voluntários dispostos a instruir
ciclistas a trafegar no trânsito
evitando acidentes, também a exemplo do site Vá de Bike.
Porém,
ações governamentais é que farão a diferença na mobilidade urbana. Precisamos de
melhorias no transporte público, em vez de no privado, e também de investimentos
em meios não motorizados de locomoção. Precisamos tomar um ônibus em vez
de três para chegarmos ao nosso destino. Que o serviço seja
democratizado, por fim. Isso tudo significa construir mais corredores para
ônibus, em vez de viadutos privilegiando automóveis. Gomide (apud Schindewein)
lembra que 20% dos usuários das vias
públicas ocupam 80% delas. Ora, já está mais que na hora d criarmos um projeto
que mude a historia dos transportes nesse país, lembrando que pelo caminho
podem ficar o sonho de muitos de ter um carro (o que é mito confundido com
sucesso pessoal), deixar de estacionar dos dois lados da rua. Vamos subir nas
bicicletas e fazer a diferença no trânsito. Há inclusive uma vasta legislação
sobre o uso da bicicleta, mas há que conhecê-la, praticá-la e passá-la adiante.
Uma das atitudes esperadas por ciclistas é que, quando trafegarem em rodovias,
que o façam pelo acostamento e no sentido inverso do tráfego da pista de
rolagem, para que possam ver os veículos que vêm em sua direção. Sobretudo, as
soluções para muitos problemas sempre surtirão efeito quando forem antecipadas.
Que tal discutirmos o tráfego em 2025 no Brasil?
Albino Júlio Sciesleski
Médico Psiquiatra
Marisa Potiens Zilio
Psicopedagoga
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